quarta-feira, 19 de setembro de 2007

A internet cada vez mais humana

A internet está cada vez mais humana
(Agência Estado) Qua, 19 Set - 14h00
A internet está cada vez mais humana
Por Filipe Serrano e Alexandre Matias
São Paulo, 19 (AE) - Uma fotologueira que recebe 120 mil visitas por semana e se tornou uma celebridade. Uma banda que só lança álbuns virtuais e tem uma legião de fãs. Um garoto que imaginou uma revista voltada para meninos adolescentes e transformou-a em realidade na web.
Quem são esses brasileiros aí ao lado que constroem a internet tupiniquim? Cada vez mais, a internet mostra a que veio: ela trouxe uma revolução tecnológica, claro, mas, mais do que tudo, é uma revolução comportamental.
A seguir, a reportagem dá exemplos de como a geração conectada está usando a rede para realizar sonhos sem depender de ninguém além delas mesmas e de seus parceiros virtuais. Você também faz parte dessa tribo?
CONECTADAS, PESSOAS SÃO PROTAGONISTAS DA WEB
Computadores poderosos, conexões banda larga e sem fio, celulares e gadgets de última geração. Tudo isso é importante, mas quem são os protagonistas do mundo cada vez mais conectado em que vivemos? A resposta é simples e, ao mesmo tempo, instigante. São as pessoas.
"A web é uma ferramenta que aproxima quem está longe e facilita a comunicação entre as pessoas numa escala nunca vista. Quer mais humano do que isso?", diz o historiador Juliano Spyer, que lançou o livro "Conectado - O que a internet fez com você e o que você pode fazer com ela" (Zahar, R$ 39,90). "Antes da internet, nos comunicávamos com o telefone ou veículos como rádio, TV e jornal. O telefone serve para a interação, pois permite falar e escutar, mas a conversa fica restrita a poucas pessoas. Já o rádio, a TV e os jornais atingem grandes audiências, mas poucos falam e a maioria escuta. A web juntou os dois modelos e permitiu a comunicação entre duas, várias ou muitas pessoas", continua.
A conseqüência é que pessoas de lugares, gostos, profissões e idades os mais diversos, que nem se conheceriam em outras épocas, podem interagir, trocar idéias e criar juntas, contribuindo, ainda que inconscientemente, para a construção da rede.
RASTRO VIRTUAL
Essa geração conectada, que usa a internet como principal plataforma de comunicação, expressão e atuação, já tem deixado, inclusive no Brasil, um rastro virtual bastante significativo.Thiago Borbolla, conhecido como "Borbs", 23 anos, criou o site Judão (www.judao.com.br) quando tinha 16 anos. "Sentia falta de uma revista como a Capricho voltada para moleque. Revista de homem ou era de mulher pelada, ou de carro. Sabia que tinha gente por aí sentindo a mesma necessidade", diz.
Na internet, ele encontrou as ferramentas para preencher a lacuna. Foi o que fez. Thiago já largou três faculdades e fez da web o seu trabalho. "Não conseguiria fazer outra coisa. Acostumei a trabalhar do meu jeito, sem horário e escrevendo sobre coisas que adoro", diz.
As amigas curitibanas Janara Lopes e Alicia Ayala também viram na web uma forma de trabalhar com o que gostam. Em uma conversa, surgiu a idéia de criar uma revista online de arte bimestral. Há um ano no ar, a IdeaFixa (www.ideafixa.com) tem até páginas que viram ao clique do mouse. "A maior vantagem da web é poder se espalhar rapidamente de forma muito fácil e barata. Impresso é legal porque é algo físico. Mas, se fosse fazer uma revista mesmo, não teria o mesmo impacto, ficaria restrito a Curitiba", diz Janara.
Para ter mais impacto ainda, elas fizeram uma versão do site em inglês e, hoje, a maioria dos visitantes é dos EUA. Apesar de já contar com alguns anunciantes, lucrar mesmo elas ainda não lucram. "Dá para pagar a hospedagem do site e tomar umas cervejas", diz Janara. O retorno é o contato com artistas que elas admiram.
Já o cartunista Maurício Ricardo, do site www.charges.com.br, consegue se sustentar pela web. E ele aproveitou a audiência que já tinha para levar adiante outro hobby: tocar na banda Os Seminovos. E, quando juntou 11 músicas, o grupo jogou na rede um álbum virtual, com capa e tudo, para quem quiser baixar e ouvir. "Não é guerra com gravadora, mas a gente está propondo uma discussão sobre o mercado musical", diz.
Assim como Thiago, Janara, Alicia e Maurício, uma geração inteira já vive a internet em vez de viver "na" internet. E esse novo estilo de vida não vale só para internautas mais avançados, que navegam 24 horas pelos sites mais colaborativos, escrevem para a Wikipédia ou indicam links legais em redes sociais 2.0. Se, para você, internet ainda é o trio e-mail, MSN e Google, que tal ir mais fundo?

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